Durante o período de pandemia causada pelo COVID-19 muitos colaboradores foram colocados em uma nova modalidade de trabalho conhecida no Brasil como "Home Office". Nos EUA por exemplo, a modalidade é conhecida como "Working From Home" e é mais comum que nos países em desenvolvimento como o nosso. Empresas com sede na Europa também adotam este modelo e vale ressaltar que em alguns destes países as condições climáticas severas exigem uma quarentena quase que anual e por isso o modelo se torna inevitável e também mais aceitável por todos.
Trazendo para a realidade brasileira, a experiência tem trazido diferentes resultados para diferentes empresas. Inúmeros fatores podem influenciar nesta resposta visto que os ambientes de trabalho das pessoas podem ser extremamente diferentes entre si. Em um mundo ideal, todos deveriam ter um posto de trabalho com condições ergonômicas favoráveis e isso inclui controle de ruído, iluminação, mesas e cadeiras adequadas, suportes para notebook, organização de tarefas, etc. Porém, sabemos que na prática o "Home Office" da vida real envolve adaptações que nem sempre dão conta daquilo que o colaborador necessita.
Por outro lado, pesquisas atuais apontam que as empresas de uma forma geral estão aprovando o novo sistema de trabalho. As reuniões realizadas on-line estao sendo cada dia mais produtivas e existirá uma redução de custos considerável caso o sistema se torne produtivo.
A novidade implica inclusive em novas diretrizes jurídicas visto que o Brasil é recordista em ações trabalhistas e novas questões serão levantadas com o passar do tempo. Questões como segurança da informação também foram citadas como preocupações de algumas companhias.
A readaptação deve criar um cenário desafiador também para empresas prestadoras de serviço como segurança, limpeza, alimentação, qualidade de vida, etc. A COMPANY SAÚDE, empresa que fornece Programas de Qualidade de Vida no Trabalho, atualmente realiza aulas de Ginástica Laboral Online para colaboradores da empresa Siemens,por exemplo. As aulas são transmitidas em tempo real para maior aproveitamento. Já outros clientes desta mesma assessoria, solicitaram Análise Ergonômica do Trabalho para o ambiente de Home Office dos seus colaboradores com objetivo de diminuir as repercussões músculo-esqueléticas. Isso mostra uma necessidade de adaptação de todos, porém sabemos que outros prestadores de serviço terão dificuldades futuramente visto que dependem da circulação e presença de pessoas nestes locais.
Sabemos também que toda mudança leva tempo e que haverá resistência por partes de muita gente para implantação deste novo sistema em caráter definitivo. Uma reportagem surpreendente do reconhecido jornal "Valor Econômico" mostra que 73% dos jovens reprovam o sistema de "Home Office" em definitivo e gostariam do retorno do modelo tradicional.
Como a questão é relativamente nova no Brasil mas um tanto quanto antiga ao redor do mundo, sabemos que não haverá um consenso tão cedo visto que fora do país ainda existe uma mescla entre trabalho em casa e trabalho na empresa. Alguns trabalhos manuais obviamente exigem a presença de pessoas diariamente e isso dificilmente será 100% automatizado. Já os ambientes administrativos serão os principais alvos de testes deste novo modelo. Portanto, provavelmente estamos apenas no inicio deste processo de adaptação que levará muitos anos para se tornar definitivo, se é que um dia isso pode se tornar realmente definitivo no Brasil visto que não temos limitações climáticas que obriguem esta adaptação e que culturalmente apreciamos o convivio social.
Diante desta explanação, fica a pergunta: Você hoje é a favor ou contra do modelo "Home Office" em definitivo?
Fabio Tavares Ciampone
Diretor Executivo e Fisioterapeuta do Trabalho
COMPANY SAÚDE
