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06/09/2021
Durante o período de pandemia causada pelo COVID-19, muitos colaboradores foram colocados em uma nova modalidade e realidade de trabalho: o home office. Nos EUA, por exemplo, este modelo é conhecido como working from home, sendo mais praticado do que nos países em desenvolvimento como é o caso do Brasil. Empresas com sede na Europa também adotam com frequência a forma de trabalho remoto, valendo ressaltar que em alguns destes países as condições climáticas severas exigem uma quarentena quase anual e, por isso, a opção pelo trabalho em casa tornou-se necessária e mais aceitável.
Trazendo para a realidade brasileira, a experiência do trabalho remoto tem trazido diferentes resultados para as companhias. Inúmeros fatores têm influenciado na resposta desta experiência, visto que os ambientes de trabalho das pessoas podem ser extremamente diferentes entre si. Em um mundo ideal, todos deveriam ter um posto de trabalho com condições ergonômicas favoráveis, e isso inclui controle de ruído, iluminação, mesas e cadeiras adequadas, suportes para notebook, organização de tarefas etc. Porém, sabemos que na prática o home office da vida real envolve adaptações que nem sempre são suficientes para o colaborador.
Entre as respostas à experiência do trabalho remoto, durante a pandemia, por exemplo, a procura pelo termo “dor lombar” cresceu incríveis 76% nas ferramentas de busca da internet. Segundo reportagem da rádio CBN, publicada ano passado, houve um aumento significativo de 41% no índice de queixas de dor na coluna por parte dos colaboradores que atualmente trabalham em casa. Entre os principais vilões para o problema, destacam-se: má postura, ambiente ergonomicamente inadequado, falta de exercícios de distensionamento muscular, estresse, entre outros.
Essa situação corrobora com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mostram que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no planeta. Estamos falando de 9,3% da população, o equivalente a mais de 18 milhões de brasileiros. No ambiente corporativo, esse cenário tem ocorrido porque o ambiente de trabalho de muitas pessoas é, por vezes, marcado por pressão, estresse, sobrecarga e insegurança. E com a pandemia, somada ao isolamento social e a incertezas econômicas, a situação realmente piorou para muitos colaboradores.
Diante deste panorama, pesquisas como a da KPMG consultoria revelam os interesses das empresas em retomar as atividades presenciais. Segundo dados colhidos no início de 2021, 66% das companhias estavam interessadas em voltar pelo menos de maneira híbrida ainda neste ano. O modelo parece ser o favorito para os próximos anos, visto que as reuniões realizadas online estão sendo cada dia mais proveitosas e existirá uma redução de custos considerável caso o sistema se torne produtivo.
Porém, a readaptação deve criar um cenário desafiador. A novidade neste novo formato das relações de trabalho implica, inclusive, novas diretrizes jurídicas, visto que o Brasil é recordista em ações trabalhistas e novas questões serão levantadas com o passar do tempo. Questões como segurança da informação também foram citadas como preocupações de algumas companhias.
Já em relação à opinião dos funcionários, segundo a pesquisa “o futuro do trabalho no Brasil: insights sobre a colaboração e novas formas de trabalho” encomendada à consultoria IDC pelo Google, que entrevistou quase 900 funcionários de grandes empresas brasileiras, o modelo híbrido é o favorito com 59% dos empregados sugerindo esta forma de trabalho. Outros 22% sugerem modelo totalmente presencial e, por fim, 27% optariam pelo totalmente remoto.
As peculiaridades impostas pela pandemia de COVID-19 evidenciaram novas formas de relações de trabalho, muitas das quais vieram para ficar. Entretanto, não são todos os departamentos das empresas que sentirão essas mudanças. Sabemos, por exemplo, que alguns trabalhos manuais e operacionais exigem a presença de pessoas diariamente e isso dificilmente será 100% automatizado. Portanto, podemos prever que as funções e os ambientes administrativos serão os principais alvos desta mudança no início da nova forma de trabalhar.
Acelerado pela pandemia, estamos apenas no começo deste processo de adaptação, e o modelo híbrido parece realmente ser a melhor solução neste momento. Entretanto, ainda são muitos os desafios, devendo as empresas criarem soluções e benefícios ligados a qualidade de vida do trabalhador, visto que a saúde física e mental já está sendo afetada com essas mudanças que ainda não foram totalmente oficializadas.
*Fabio Tavares Ciampone é fisioterapeuta e sócio da Company Saúde